A antítese personificada
Muitos casais trocarão presentes na próxima sexta-feira, 12. De uns dias pra cá não se fala em outra coisa. Na tevê, propagandas de lojas com promoções especiais. Na internet, super dicas para agradar o parceiro, além de uma enxurrada de cartões de restaurantes e floriculturas. Nessa lógica de mercado, ainda falam em criatividade!
Segundo o portal globo.com, cerca de um bilhão de cartões com mensagens românticas são mandados a cada dia dos namorados, tornando a data uma das mais lucrativas do ano.
A semana mal começou, e eu não agüento mais falar a mesma coisa... Não, não tenho namorado! O que me deixa irritada é a reação de quem pergunta, tanto nos comentários quanto nas expressões faciais. Que fique claro o meu desapego por essa comemoração, pois me contraponho aos valores materialistas da sociedade! (Pensando bem, será que dá tempo descolar um gato até sexta?)
Romantismo
Quem tivesse um amor, nesta noite de lua,
para pensar um belo pensamento
e pousá-lo no vento!
Quem tivesse um amor - longe, certo e impossível -
para se ver chorando, e gostar de chorar,
e adormecer de lágrimas e luar!
Quem tivesse um amor, e, entre o mar e as estrelas,
partisse por nuvens, dormente e acordado,
levitando apenas, pelo amor levado...
Quem tivesse um amor, sem dúvida nem mácula,
sem antes nem depois: verdade e alegoria...
Ah! Quem tivesse... (Mas quem tem? Quem teria?)
(Cecília Meireles. Mar absoluto. Rio de Janeiro, Aguillar, 1967)