- Dicionário Sentimental -

domingo, agosto 31, 2008 0 comentários

No coração humano existe uma força interior que lhe permite sonhar com um mundo mais justo. Buscamos valores humanitários para a construção de uma sociedade que ofereça oportunidade a todos. Isso depende do nosso exercício de fazer o bem.

A justiça só será possível desenvolvida de maneira igualitária e universal, decorrente das leis: natural, humana e divina. Assim, ao identificarmos problemas, não deixaremos responsabilidades para outros, reconheceremos seu significado tal como é, coletivo.

O sentido é fazer com que o homem não viva os valores éticos em função do medo, mas pelo amor ao próximo.


Justiça pra nós é isso.

(Definição em cem palavras)

As palavras e suas faces

quarta-feira, agosto 27, 2008 0 comentários

"Está morto, podemos elogiá-lo à vontade" (O próprio)







A reunião, nele mesmo, da teoria e da prática!

Cinema no Teatro

domingo, agosto 24, 2008 0 comentários

Preste atenção, o mundo é um moinho





"Machado de Assis morre no ano em que Cartola nasce. É a transição de uma cultura literária, acadêmica, para uma cultura também mulata, mas de traço mais popular" (Lírio Ferreira)





O documentário "Cartola", dirigido por Lírio Ferreira e Hilton Lacerda, tem como base entrevistas com amigos, parceiros e pessoas que conviveram com o mestre Cartola, o trovador do samba. O filme lançado em 2006, conta ainda com Aloysio Raolino na direção de fotografia e Cláudio do Amaral Peixoto na direção de arte.

"Cartola, música para os olhos"

Onde? Teatro Ferreira Gullar

Quando? Amanhã, 25 de agosto

Que horas? 19h

Quem vai? "Quem não gosta de samba, bom sujeito não é!"

Quanto custa? Zero 800

Com que roupa? Vai assim... chique à vontade!

Festival Guarnicê de Cinema

quinta-feira, agosto 21, 2008 0 comentários

Mostras de Cinema Itinerante


O Festival Guarnicê de Cinema é um dos mais antigos festivais de cinema e vídeo do Brasil. Foi criado em 1977, com o nome de Jornada Maranhense de Super 8. Em 31 anos de evento, é a primeira vez que Imperatriz recebe uma mostra itinerante.



Data: 20 a 22 de agosto
Promoção: Departamento de Comunicação Social/ Ufma
Outras atividades: Oficina de Iniciação ao Cinema
Local de exibição: Auditório da Ufma
Horário: A partir das 18h
Filmes exibidos (Principais premiados): "O Senhor da Floresta”, de Mivan Gedeon e Alexandre/ “100 Supertições”, de CH Brandão/ “O crime da Ulen”, de Murilo Santos

Para saber mais sobre o festival: http://www.festivalguarnice.com.br/

Dia Mundial da Fotografia

terça-feira, agosto 19, 2008 1 comentários

“Fotografar e desenhar - fazendo um paralelo - a fotografia é, para mim, a impulsão espontânea de uma atenção visual perpétua, que capta o instante e sua eternidade. O desenho elabora por sua grafologia o que a nossa consciência captou daquele momento. A fotografia é uma ação imediata; o desenho uma meditação”
(Henri Cartier-Bresson)


A poesia em movimento


Segunda-feira. Quatorze de maio de dois mil e sete. Por volta das quinze horas, apareço ofegante na Ufma.

Depois de tanto bater perna no centro comercial da cidade, disputando um espaço entre calçadas e ruas congestionadas por vendedores de muambas e afins, ao lado da minha queridíssima mãe, que parece ter tirado o dia pra sermões compridos e carregados de chantagens emocionais, chego à conclusão de que eu não deveria ter saído de casa. Ai, que tédio!

Muito atrasada, dirijo-me à sala de aula, não encontro ninguém, a não ser um recado na lousa: “aula na sala de vídeo”. A pressa em chegar logo fora acrescida por mais alguns minutos. Tempo para comprar uma água mineral na cantina e deslocar-me até o lugar indicado. Bato à porta. Peço licença. Nada respondem.

- Boa tarde, falo educadamente, descrente da vida.

A resposta vem em coro: - isso são horas de chegar!?

Viro pro lado e pergunto: – a professora já fez a chamada?

Uma voz do fundão responde: – ela passou uma lista!

Em seguida, um Xiiiiiiiiiiiiiiii! Chega atrasada e ainda desconcentra quem tá afim de estudar.

Aiii, juro que não merecia ouvir aquilo. Nem foi a minha intenção chamar tanta atenção! Mas, tudo bem. Lembrei-me, aquele não era o meu dia, definitivamente. Quanto à lista de freqüência, despreocupei, afinal um dos meus amigos deveria ter assinado por mim.

- Oba! Faltam apenas dez minutos pra aula acabar. Não vejo a hora.

Professora: - Antes de terminar, queria que vocês dessem uma olhada nessas fotografias. Imagem 1, imagem 2, imagem 3, e blá, blá, blá . As possíveis leituras abordadas não me convenciam, muito menos comoviam.

J.B., o aluno mais aplicado no quesito fim de horário, exclamou: - Professora, o horário acabou.

Ela diz: Ok, só uma última foto.

- Não agüento mais!

(Foto sem o título)

Por um instante, senti minh’alma ser tocada. Como se meu estado de espírito refletisse a imagem. Essa sim, me tocou e despertou uma leitura infinita. Só minha e de mais ninguém.

A Arte me trouxe uma PAZ.

Ai, que alívio!

Depois, soube que ninguém lembrou de assinar a chamada por mim. Argh!

'A vida vem em ondas como o mar'

sábado, agosto 16, 2008 0 comentários


Ouve aquela canção que não toca no rádio



Do árido à miragem, o disco “Maré”, de Adriana Calcanhotto, é pura linguagem. O título, que indica o efeito do mar em movimento, faz recordar o barulho da onda quebrando na beira da praia e as letras remetem o vento nos cabelos. A água do mar é transparente, assim como os sentimentos despertados: o som lembra o cheiro que lembra o gosto que lembra alguém. Haja sinestesia!


O cd parou em minhas mãos por acaso, no finalzinho de maio. Não me empolguei! Até que, passeando pelas ruas de Belém, ouvi “... a uma hora dessas/ por onde passará seu pensamento/ por dentro da minha saia/ ou pelo firmamento?” Os versinhos representavam a minha inquietação, já que eu estava looonge de casa. Achei familiar. Em seguida, resgatei o ‘cedêzinho’ no fundo da gaveta. De lá pra cá, ouço inúmeras e repetidas vezes tais canções:

=> Seu pensamento: “A uma hora dessas/ por onde passará seu pensamento?”

=> Mulher sem razão - parceria de Bebel Gilberto e Cazuza – “Olha bem na minha cara/ E confessa que gostou/ Do meu papo bom/ Do meu jeito são/ Do meu sarro, do meu som”. A exclusividade fica por conta do arranjo dos metais, ninguém mais ninguém menos que Rodrigo Amarante, o caaara! Outro ‘hermano’ que participa do show é o tecladista Bruno Medina. (Viva LH!). A música até virou tema de novela global.

=> Porto Alegre: “Então caí nos braços de Calipso/ eu sucumbi ao encanto de Calipso/ não resisi". Destaque para a levada caribenha. Além disso, há participação de Marisa Monte. Fazendo o quê? Emitindo o som das sereias.

=> Teu nome mais secreto: “Só eu sei teu nome mais secreto// Cavo e extraio estrelas nuas/ De tuas constelações cruas// Só sei que canto de sede dos teus lábios”. A música tem um ‘quê’ de enigmático!

=> Para lá: “... e a montanha insiste em ficar lá/ parada/ para lá/ parada/ parada”. Quanta aliteração ;)

=> Um dia desses: “... meu pobre coração não vale nada/ anda perdido, não tem solução”. Letra de Torquato Neto, o poeta que desfolha a bandeira!

Além disso, “Maré” coleciona textos dos concretistas Ferreira Gullar (Onde andarás?) e Augusto de Campos (Sem saída). E, também, Arnaldo Antunes, o neo-concretista. Imagine o impacto e poder de abstração do eu-lírico!?

Todas as canções emocionam. Mais uma vez vejo o mar voltar como imagem. Im-per-dí-vel!



Ano: 2008 Gênero: MPB Gravadora: NacionalSony & BMG




Janela da Alma
Um filme sobre o olhar


“Não acredite no que os teus olhos te dizem, tudo o que eles mostram é limitação. Olhe com o entendimento, descubra o que já sabes, e verás como voar.” ('Fernão Capelo Gaivota', Richard Bach)


O documentário faz uma reflexão sobre a percepção do mundo através das emoções, captadas pela visão. Os olhos percebem as luzes, as cores, as linhas evidenciando o ponto de vista de quem as vê. Os graus de deficiência visual representados pelos entrevistados revelam as limitações do homem em ver o mundo e se enxergar nele.

O diretor fixa o olhar no Invisível e Visível. Para alguns, aquilo que não se vê facilmente confere detalhes e projeta imagens na mente que ninguém repara. Já que são carregadas de subjetividade. Alterando a visão, o olhar. Enquanto o mundo visível, evidente, que está todo o tempo à vista pública não é distinguido e diferenciado nitidamente.

A narrativa mostra como nos preocupamos com o olhar do outro e, como ver o outro acentua as diferenças e causa estranheza. Vimos o que nos é imposto. Um olhar antitético entre o que é realidade e a imaginação.


JANELA DA ALMA Direção: João Jardim Produção: Brasil, 2001

Estetizando*

domingo, agosto 10, 2008 0 comentários

Terra de Ninguém
(No Man's Land, 2001)


- Direção, roteiro e música: Danis Tanovic
- Gênero: Drama
- Fotografia: Walther Vanden Ende
- Duração: 98 minutos
- Elenco: Branko Djuric, René Bitorajac, Filip Sovagovic, Simon Callow, Katrin Cartlidge, entre outros.




Terra de ninguém: entre as duas linhas
“Na terra de ninguém eu vi duas pessoas jogando xadrez. Eu vi um bispo e a rainha tentando um xeque mate na frentre do rei, onde a prosperidade e a pobreza são apenas um meio de se conseguir mais riqueza. Xeque mate! Na terra de ninguém...” (Terra de ninguém, Banda Catedral)
- A obra fílmica “Terra de ninguém”, de Danis Tanovic, conta com poucos personagens que representam as principais partes envolvidas na Guerra da Bósnia: os sérvios, bósnios, a ONU e a imprensa. A representação das cenas e personagens é realista, como se o filme estivesse apenas captando fatos. Em alguns instantes, o diretor recorre à documentação feita na época do conflito com os efeitos legítimos da guerra: casas queimadas, flagelo, ataques, mortes, etc. Fazendo recortes entre o real e a sua representação. Enfatiza detalhes do campo de batalha. Ainda assim, há cenas com certo teor humorístico.
- No início do filme, há a aparição do QG dos sérvios, onde o general seleciona quem irá inspecionar a trincheira central. São escolhidos dois soldados, ambos carecas. Um deles é mais velho, sua calvície indica experiência e habilidade adquirida ao longo do tempo. O outro, é novato, não tem prática na arte da guerra. O mais experiente é morto na trincheira. Ao ser revistado, o soldado inimigo encontra a fotografia de um homem nu em seu bolso. De maneira que o homossexualismo, ainda que abafado e reprimido nos quartéis, era algo presente.
- Na barricada sérvia, há um oficial instalado em confortável mansão, ouvindo o garoto tocar acordeom, distante do front de guerra onde seus subordinados estão plantados. Já na barricada bósnia, os soldados entram em contato com a ONU e pedem ajuda.
- Os figurinos escancaram a temática da guerra, roupas sujas, malvistas, imundas, mas resistentes. Com alguns detalhes, como a camiseta dos Stones usada por Tchiki e o tênis de lona All Star, demonstrando uma sociedade de consumo, com enfoque particular nas desigualdades do sistema. O uniforme, a farda, que caracteriza cada soldado com seu exército é padronizado. O uso da camiseta é uma particularidade que diferencia o soldado bósnio dos demais.
- O cenário é marcado pelo caráter pitoresco da trincheira. O panorama apresentado mostra a área que não se encontra sob o comando de nenhum dos governos, ainda assim, indica uma relação entre os mesmos, já que dois soldados inimigos encontram-se refugiados nela. A paisagem é a defesa da hostilidade dos inimigos. Os planos selecionados e os ângulos utilizam uma linha de conduta em que não se privilegia nem sérvios nem bósnios. Todos são culpados, todos são vítimas. O tempo é marcado por momentos contrastantes. Ora momentos de tensão, ora descanso. Ora acelera ora desacelera. O período é condicionado de acordo com o espírito dos soldados presos na trincheira.
- A continuidade das cenas mantém a mesma intensidade de luz, o mesmo figurino, mesmo local. Há, portanto, um criterioso tratamento na passagem de uma cena para outra. Os planos intensificam a emoção das personagens, havendo uma comoção do público. Todos os enquadramentos transmitem a idéia de que estão no mesmo lugar, na trincheira, na terra de ninguém. O som e a imagem estão sincronizados. Por fim, a interpretação dos atores nos faz acreditar na veracidade dos acontecimentos. A posição das câmeras indica a proximidade da platéia com os fatos, numa ilusão de contato direto. As falas e os gestos se aproximam das reações dos beligerantes. Tais elementos projetados são oferecidos ao espectador de maneira interligada compondo o quadro da narrativa.
- Na maior parte do tempo, o sol intenso do verão ilumina as cenas, enfatizando o dia em que aconteceu os fatos. Aquele dia é uma data especial. O azul do céu é o firmamento, atmosfera superior que remete à neutralidade. No alto, não há guerras, na abóbada celeste encontramos a felicidade. A luz esclarece os acontecimentos, tornando visível a personalidade de cada um. A noite é a escuridão, a neblina é triste, sombria e obscura. Suscitando o caráter dos homens que vai da sensatez à loucura.
- A unidade dramática é o final do filme. O soldado bósnio Cero sobre a mina que não foi desativada pelo perito alemão. A câmera vem de baixo pra cima, misturando a terra e o céu na noite estrelada. A noite é pesada, fria, o tempo passa devagar. O soldado ficaria de vigília por toda a noite, pois não haveria socorro.

quinta-feira, agosto 07, 2008 0 comentários

Voto não tem preço, tem consequências!

O Comitê da Cidadania de Imperatriz realizará o Seminário Regional "Combatendo a Corrupção Eleitoral", em parceria com a Cáritas Regional e a Associação do Ministério Público do Estado do Maranhão (Ampem). O evento acontecerá dia 09 de agosto, sábado, no auditório da Faculdade Santa Terezinha (Fest), das 8h às 16h.

O encontro cobrirá treze municípios da Região Tocantina que compõem a Diocese de Impertariz. As inscrições podem ser feitas na sede do Comitê da Cidadania, na Av. Dorgival Pinheiro de Sousa, 396, 1° andar. Ou ainda, pelos telefones (99) 3524-8665/ 3524-8652, com a Ir. Vanderléia ou Francisco Martins.

O Comitê da Cidadania é uma organização popular da sociedade civil de Imperatriz. Dele, podem e devem participar todos os credos religiosos e todas as pessoas que não compactuam com a injustiça e desejam fazer algo concreto para que nossa sociedade seja de fato justa e solidária. As reuniões acontecem na primeira 4ª feira de cada mês, às 19h, no Clube das Mães - Núcleo Nossa Sra de Fátima. Rua Aquiles Lisboa, 50 - Centro. As portas estão abertas para as pessoas de boa vontade.

São três os eixos de atuação do Movimento de Combate à Corrupçaõ Eleitoral:


Fiscalização
O objetivo deste eixo é assegurar o cumprimento da Lei 9840 por meio do recebimento de denúncias, acompanhamento de processos e encaminhamento de representações junto aos órgãos competentes.

Educação
Visa contribuir para a consolidação de uma consciência dos eleitores de que "voto não tem preço, tem conseqüências". Para isso, podem ser realizados encontros, palestras e seminários.

Monitoramento
Com este eixo, o MCCE realiza tanto o monitoramento das ações do parlamento brasileiro em relação à Lei 9840, como também o controle social do orçamento público e da máquina administrativa, objetivando evitar desvio de recursos com finalidades eleitorais.

terça-feira, agosto 05, 2008 0 comentários

Senhoras e Senhores: Respeitável Público


Acabei de assistir ao espetáculo do Circo Popular do Brasil. São 23h10. Crianças no colo dos pais, umas dormindo, outras ainda eufóricas, se despedem com um lindo sorriso de adeus. A arquibancada esvaziando. Os espectadores retornam às suas casas, os artistas recolhem-se em seus aposentos. Boa Noite. Até a próxima.

Com a lona esticada na Beira Rio há três semanas, um letreiro luminoso anuncia: Marcos Frota Circo Show. O relógio marca 20h30, 26°. No estacionamento, “palhaços flanelinhas” sorridentes. Deparei-me com um senhor de chapéu e botas pretas cantando “Lay Lady Lay”, de Bob Dylan. Troquei duas palavras com o Dylan latino. Tempo suficiente pra ele me empurrar um de seus cd´s, desembolsei R$ 5. Sentei ao lado de crianças que chantageavam os pais para comprarem bugigangas circenses.

Que rufem os tambores! Uma voz nos recepciona e adverte: - Proibido fumar e proibido filmar sem autorização prévia. O circo apresenta diversas artes: malabarismo, palhaço, acrobacia, equilibrismo e magia. Há influência de outras linguagens artísticas como a dança e o teatro. Feitos fantásticos realizados por quase heróis.

O garoto se equilibra em uma bicicleta arrancando poucos aplausos da platéia, ainda tímida. Em seguida, uma música instrumental acompanha os passos leves e sutis da menina que se enrola num tecido cor de rosa preso ao teto, parecendo uma serpente. Ela despenca lá do alto, parando a poucos centímetros do chão. Os artistas usam uniformes e máscaras que escondem a verdadeira identidade, dignas de heróis, mas eles são de carne e osso. Um suspense paira no ar. O Mágico aparece numa cena cheia de efeitos. Vestindo capa preta, cabelos embebidos em gel e óculos escuros dando um tom de mistério, parecendo o “Homem-Morcego”. Sua assistente convida alguém da platéia para participar do número. Há uma certa resistência, mas uma garota acaba aceitando. Ele atravessa o pescoço da convidada com uma espada. A mágica causa mais riso que espanto. Os palhaços invadem a arena entusiasmando com “Festa no apê”. As crianças no gargarejo sabem a letra de cor. Um deles, o Batatinha, traja o figurino da principal personagem de Charlie Chaplin, o “Vagabundo”. O trapezista rodopia dando giros no ar. A luz projeta sua sombra na cortina vermelha brilhante. Ele parece um menino feliz, livre e despreocupado. Recorda “Peter Pan”. Em seguida, um rapaz com uma capa vermelha e os músculos de fora sobrevoa a platéia preso a um cabo de aço, “Super-Homem”. Enquanto uma mulher vestida de odalisca requebra seus quadris e atrai todos os olhares, assistentes entram e saem carregando equipamentos, camuflando-se na escuridão da cochia. Logo após, o casal Jorge e Mirian demonstra concentração nos malabares com fogo. São aclamados! Entra um humorista baixinho, “Bobo da Corte”, não convence muito. A platéia fica indiferente. Homens seminus apresentam uma coreografia com tochas, reverenciando uma mulher que simultaneamente faz contorcionismo. Um forró do saudoso Gonzagão dá vida às travessuras da boneca de pano colorida e retalhada (que não é a Emília de Lobato), parece a “Mulher-Elástico”. O equilibrista completa dois giros de 360° a 6m de altura. A descida por uma corda é triunfante, como o “Tarzan”. Uma partida de futebol é simulada na cama elástica. Um dos jogadores, saltitante como a Daiane dos Santos, dá um duplo twist carpado. O naufrágio do Titanic anuncia o intervalo.Tempo para preparar a arena.

Ao som de Beatriz, de Chico Buarque, a bailarina de branco desliza sobre o palco e os trapezistas se aquecem. Eles usam malha branca com uma estrela vermelha. A mulher-trapezista deixa a platéia boquiaberta, parece ter super poderes. Remete a “Mulher-Maravilha”. Marcos Frota narra a tradição e a história do circo. Parafraseando a Oração de São Francisco, ajoelha-se e beija o picadeiro. Canta e dança a música tema do seu último personagem na telenovela global das oito, o Jatobá. “Estou guardando o que há de bom em mim...”. Cai a luz. O breu leva ao choro, muitos soluços e crianças amedrontadas. O palhaço num terno cor de rosa interpreta “Ne me quitte pas”, de Jacque Brèl, num cenário que lembra um cabaré parisiense do século passado. Sua perfomance afeminada arranca muitos sorrisos. O maestro toca saxofone ao vivo. Marcos Frota, embaixador do circo, entra com a bandeira nacional, coisa bonita de se ver. Cantando Nossa Senhora ele faz um apelo para que o respeitável público prestigie o circo e não deixe essa arte morrer. O final frenético ao som de “Dancin´g Days” traz os artistas de volta ao palco. Momento marcante do espetáculo. Eles são ovacionados!

Só pra lembar!

domingo, agosto 03, 2008 0 comentários

Artistas protestam contra o descaso na cultura
Luta diferente, sem cartazes ou faixas, mas com música, teatro e batida de tambor


A obstrução do prédio da antiga biblioteca municipal não impediu a manifestação


Na sexta-feira, dia 09 de maio, por volta das 17h, artistas, professores, estudantes e lideranças comunitárias protestaram, em frente ao prédio da antiga Biblioteca municipal, próximo a escola Dorgival Pinheiro de Sousa, por políticas públicas voltadas à criação e manutenção da cultura local. Misturaram farra, poética e descontentamento. Essa foi a única manifestação de contrariedade e engajamento para chamar a atenção da sociedade. O povo que passava, parou e ouviu. Nem a chuva atrapalhou. Com a participação da trupe Além da Lona, de Campinas, o público fez arte no pátio da escola Dorgival.

Enquanto isso, no imóvel abandonado, funcionários da prefeitura obstruíam a entrada com tapumes, uma vedação provisória. Alegavam cumprir ordens. Até onde sabiam, o prédio – há quatro anos desativado - passaria por uma reforma. Por conta disso, seria necessário isolá-lo para evitar acidentes. Evasiva para mascarar o desejo de uma minoria despreocupada com o atual desamparo do lugar.

No IV Fórum Municipal de Cultura, que ocorreu nos dias 02 e 03 de maio, no Teatro Ferreira Gullar, a classe artística, que conta com o apoio de 40 entidades, discutiu o sistema municipal de cultura e decidiu, como uma das ações do movimento, ocupar espaços públicos abandonados e transformá-los em pontos culturais. A atitude não se restringe a ocupação. O objetivo é mobilizar a sociedade e movimentar o espaço com organização e planejamento. Ocupar com arte e compromisso.
Os artistas resolveram colocar a público o descaso que a cultura vem sofrendo no governo municipal. A convocação para a manifestação havia sido abertamente disseminada. Nesse ínterim, a prefeitura pronunciou-se sobre a reforma e a retomada da antiga biblioteca, ainda este ano. Sendo que, até então, não havia qualquer projeto a ela destinado. De acordo com o secretário de Educação, Moab César, que nem se encontra na cidade, mas deixou a fala reproduzida, o dinheiro está reservado para ser aplicado nos serviços, aguardando somente o processo licitatório para que as obras sejam iniciadas o mais rápido possível. Inquestionavelmente, a assessoria precavera-se para o protesto.

“O que tem acontecido é de os governos usarem os recursos da cultura para o interesse de poucos. Ou seja, fazem eventos governamentais em que se beneficiam. Enquanto isso, o cinema, o teatro, a música e as letras agonizam,” diz Carlos Leen, aluno do curso de História, na Uema.

Durante o manifesto, uma plenária levantou reflexões e discussões sobre a melhoria e preservação do lugar. Surgiram propostas como a restauração, o aproveitamento do espaço para criações artísticas, apresentações de trabalhos, exibição de filmes. A idéia é resgatar o que foi deteriorado. Segundo Lília Diniz, atriz, escritora e militante cultural, há falta de autonomia e democracia na distribuição de recursos que apenas vão para projetos que dão retorno de mídia ou dividendos políticos. A crítica foi dirigida à Fundação Cultural de Imperatriz, cujas políticas de cultura não dão conta da vida artística que acontece na cidade. “Nós queremos ser ouvidos e participar do processo,“ completa.

No sábado, a ‘liga da limpeza’ realizou o mutirão da vassoura. Muita gente com rodo, sabão em pó, detergente, a fim de higienizar o ambiente, que estava deplorável, colocou a mão na massa. Além disso, fizeram contorcionismo, malabarismo e muita palhaçada.

Com toda certeza, a participação massiva de pessoas comprometidas é de extrema importância para a preservação do patrimônio local e a propagação de uma cultura plural e descentralizada.