Colorindo o céu

sábado, janeiro 02, 2010 3 comentários

Na tarde do último dia do ano de 2009, caiu em minhas mãos o longa de animação "Up - Altas Aventuras", produzido pela Pixar em parceria com a Walt Disney. O filme narra as aventuras do Sr. Fredricksen numa emocionante procura pelo Paraíso das Cachoeiras. Momentos da vida da protagonista, da infância até a velhice, são mostrados num apanhado de lindas imagens: o desejo de ser explorador da natureza, assim como o seu ídolo Charles Muntz, o encontro com a garotinha Ellie, o casamento, os planos do casal apaixonado, as dificuldades e a morte da amada. Na sequência de ações, é possível observar a mudança comportamental de Fredricksen. De um jovem feliz para um senhor só e ranzinza.Ao rever o Caderno de Aventuras de Ellie e após ser obrigado a se mudar para um asilo, o amargurado vendedor de balões decide se aventurar pela América do Sul, sonho dele e da esposa. No caderno, havia muitas páginas em branco que deveriam ser preenchidas com as descobertas no Paraíso das Cachoeiras. Como forma de levar a esposa na aventura, Fredricksen encheu vários balões multicoloridos, que fizeram com que a casa levantasse vôo, e partiu. Cada cantinho foi mantido cuidadosamente desde a morte de Ellie: as poltronas, os retratos, o lugar na mesa. Ele só não esperava que nessa peripécia, o pequeno Russel pegasse uma carona no dirigível.

A partir daí, destaco o que mais me chamou a atenção na trama. O fio condutor da narrativa são os laços de amizade e reciprocidade. A cumplicidade entre Fredricksen e o garoto Russell é a própria relação conflituosa do filme. [Levar a casa até o ponto desejado pela Ellie ou ajudar o garotinho a salvar a ave?] Através das ações das personagens, temos condições de entendê-las, a maior aventura deixa de ser a busca pelo pedacinho da Venezuela, onde se encontra o Paraíso das Cachoeiras, e passa a ser a procura da busca do equilíbrio. Acredito que Fredricksen só conseguiu voar por conta da presença de Russell. O garoto é a personificação do gás Hélio, que mais leve que o ar, sobe na atmosfera. Envolto em pensamentos pessimistas, na solidão e preso ao passado, Frederciksen não sairia do chão. Nesse sentido, os dois se completam, mesmo com a grande diferença de idade. Uma das cenas mais legais é quando o velhinho percebe que para ajudar o amiguinho, que sai para resgatar a ave, é preciso abrir mão de algumas coisas. Aí, Fredricksen joga fora os móveis da casa e vai se desfazendo, aos poucos, do passado. Para ser feliz é preciso se desprender dos maus pensamentos e se desapegar das coisas materiais. Frederciksen é o âncora, a sustentabilidade, os pés no chão. Russel é o sonhador, o cabeça nas nuvens. Assim, eles conseguem vencer todas as adversidades como os fenômenos da natureza e os inimigos.


Os diretores são Pete Docter (de Monstros S.A.) e Bob Peterson, desenhista dos dois Toy Story e co-roteirista de Procurando Nemo. Ah, a dublagem de Carl Fredricksen ficou por conta do Chico Anysio, o que familiariza mais ainda o velhinho.



Jura pirralho? Juro de coração!