Saiba que ele tem approach

terça-feira, dezembro 30, 2008 0 comentários

Baile do Baleiro


"(...) pois toda essa beleza que te veste,
vem de meu coração que é teu espelho.
O meu bem é bem melhor que tudo posto (...)”

(fragmento do soneto XXII de Shakespeare)




quando você diz o que ninguém diz quando você quer o que ninguém quis quando você ousa lousa pra que eu possa ser giz quando você arde alardeia sua teia cheia de ardis quando você faz a minha carne triste quase feliz




Prepare-se para começar 2009 com poesia, lirismo e bom humor. Em Imperatriz, a virada do ano terá Zeca Baleiro . Engana-se quem pensa que o show é lento e desanimado. No repertório tem de tudo um pouco: reggae, bumba-meu-boi, carimbó, samba, pagode, baião e 'roqueinrôu'.

Onde? Beira Rio

Quando? Entre 31 de dezembro de 2008 e 1° de janeiro de 2009.

Que horas? Finalzinho do dia e início do outro.

Quanto? Zero 800

Por que? É Ano Novo!

Com que roupa? Vá bem vistoso

Auto de Natal

quinta-feira, dezembro 25, 2008 0 comentários

Luz e alegria

"O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. Fizeste crescer a alegria e aumentaste a felicidade; todos se regozijam em tua presença como alegres ceifeiros na colheita ou como exaltados guerreiros ao dividirem os despojos." (Livro do Profeta Isaías. Bíblia Sagrada. Capítulo 9, versículos 1 e 2)

Nos quatro dias que antecederam o Natal, a Paróquia São Francisco de Assis realizou a "Coroa de Luz pra Jesus". Em cada noite, era acesa uma vela simbolizando a claridade da verdadeira luz concedida pelo nascimento de Jesus.

1° dia: Vela dos Profetas (roxa)
2° dia: Vela de Belém (vermelha)
3° dia: Vela dos Pastores (verde)
4° dia: Vela dos Anjos (branca)
FELIZ NATAL!

Um dos melhores de 2008

segunda-feira, dezembro 22, 2008 0 comentários


A Bahia fica em Cuba



Omara Portuondo (diva cubana do Buena Vista Social Club) e Maria Bethânia gravaram disco homônimo lançado em fevereiro, contendo 11 canções, composto por clássicos brasileiros e cubanos. O álbum acaba de ser indicado como um dos melhores de 2008 pelo jornal britânico 'The Times'. Ao todo, o 'Times' selecionou cem CDs.

O CD de Maria Bethânia divide a lista com nomes como REM, Kanye West e Paul Weller, entre outros.


Sobre Buena Vista Social Club


Buena Vista Social Club Live foi um grupo de músicos cubanos reunidos por Wim Wenders para a realização de um documentário, em 1999. O Buena Vista era um clube cubano que reunia músicos nos anos 40. Quase cinqüenta anos após seu fechamento, com seus residentes no ostracismo, foi papel de Wenders e do guitarrista norte-americano Ry Cooder recuperar a memória do grupo.

Prêmio Universidade FM

quarta-feira, dezembro 17, 2008 0 comentários

Uma homenagem ao samba maranhense

Em seu oitavo ano, o Prêmio Universidade FM 2008 premia a melhor música, o melhor cantor e cantora, CD, talento da noite, além de produções locais como música folclórica e cantador de Bumba-meu-Boi.
Na festa de hoje, logo mais no Teatro Arthur Azevedo, serão apresentados três indicados de cada uma das 20 categorias do Prêmio . Os artistas concorrentes foram indicados por jornalistas e produtores culturais através de um questionário elaborado a partir do levantamento da Rádio Universidade FM.
O evento será recheado de atrações locais. Pra encerrar a festividade, haverá o xou da 'Marrom' Alcione.

Confira os nomes dos indicados nas seguintes categorias
-> Melhor intérprete
Aline de Lima
Beto Pereira
Didã
-> Melhor música
Balaio de Guarimã (Lopes Bogéa)
Banca de honestidade ( Didã)
Toca Raul (Zeca Baleir0)
-> Melhor Cd
Balançou no Congá (Vários artistas maranhenses)
Emaranhado (Chico Saldanha)
Tudo haver (Beto Pereira)
-> Melhor reggae
Cores novas (Kazamata)
Garota dreadlock (Tribo de Jah)
Vou te levar (Manu Bantu)

Pisa na fulô

domingo, dezembro 14, 2008 1 comentários

Festival João do Vale

A canção Redemoinhos foi a vencedora do III Festival João do Vale de Música Popular. O evento promove a produção musical no Maranhão, além de dar visibilidade aos músicos que desenvolvem seu trabalho no estado.

O festival celebrou os 12 anos da morte de João do Vale, falecido em 06 de dezembro de 1996. A festa de premiação contou com a presença do compositor Riva do Vale, filho do homenageado.

(As intérpretes Lena Garcia, Dicy e Helyne)


REDEMOINHOS

ATÉ QUANDO A CALÇADA FRIA
ADORMECERÁ NOSSA CRIA
RESTOS DE NOITE E CHÃO
REZAS, PEDIDO EM VÃO
SEM JAMAIS


ATÉ QUANDO AS MULHERES NUAS
QUANTAS ESCOLHERÃO SER TUA?
DESEJO NEM SENTIU
TÃO CEGO NINGUEM VIU
NEM JAMAIS


O MEU PEITO SANGRA DE AMOR
UM SOL QUE TEIMA EM SE POR
REDEMOINHOS A GIRAR SOBRE NÓS
O MEU PEITO SANGRA AO SE POR
UM SOL QUE TEIMA EM AMOR
REDEMOINHOS A GIRAR SOBRE NÓS


ATÉ QUANDO CERCADO O MUNDO
POUCO CHÃO PRA TANTO RAIMUNDO
A IRA MATA A FLOR
EM PLANTAÇÕES DE DOR NUNCA MAIS

( Elizeu Cardoso, Lurdes, Dicy Rocha e Isaaque Neto)

Sob olhar suspeito

terça-feira, dezembro 09, 2008 0 comentários

" (...) Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, "olhos de cigana oblíqua e dissimulada." Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira; eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra idéia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que...Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros; mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me."

(ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Capítulo XXXII )





Para homenagear o centenário da morte de Machado de Assis, estréia hoje na Globo, a microssérie Capitu. Baseado no romance "Dom Casmurro", obra publicada em 1899. No elenco: Maria Fernanda Cândido, César Cardadeiro, Michel Melamede, Letícia Perfiles, Rita Elmor e Eliane Giardini.
Escrita por Euclydes Marinho
Direção geral Luiz Fernando Carvalho
Direção de fotografia Adrian Teijido
Música original Tim Rescala e Chico Neves
Caracterização Marlene Moura, Deborah Levis e Rubens Libório
Cenografia e Produção de Arte Raimundo Rodriguez
Figurino Beth Filipecki


A atriz estreante Letícia Perfiles, que vive a Capitu jovem, tem uma banda de rock alternativo. Numa entrevista ao portal globo.com, Letícia disse que a Banda Manacá tem influências do Clube da Esquina e do Cordel do Fogo Encantado. Além de beber na fonte dos Tropicalistas. Declaração suficiente pra que eu me interessasse pelo som da flor arroxeada.



Jornalismo e memória

quinta-feira, dezembro 04, 2008 0 comentários

Jornalistas por formação

O presidente da Federação Nacional dos Jornalistas-FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade, participou da abertura do II Simpósio de Comunicação da Ufma, ontem, no auditório da OAB em Imperatriz. Com o tema "A arte de tecer o presente: os desafios diários do Jornalismo", destacou o valor da tradição e cultura jornalísticas, defendendo o conhecimento profissional garantido pela formação superior em Jornalismo.

Segundo Sérgio Murillo, o diploma não cerceia a liberdade de imprensa, pelo contrário, sua obrigatoriedade no curso de graduação em nível superior é baseada em preceitos éticos e democráticos. "A informação de qualidade é o que a sociedade precisa e tem direito. Informação esta que depende de uma prática profissional qualificada", completa.

Em defesa do Jornalismo e da Democracia

No evento, foi lançado o livro “Formação Superior em Jornalismo”, editado pela Federação dos Jornalistas que reúne manifestos, artigos e ensaios de instituições, jornalistas, professores e pesquisadores esclaredendo a importância da formação universitária para o exercício profissional.

Dia Nacional do SAMBA

terça-feira, dezembro 02, 2008 0 comentários


Quem não gosta de samba, bom sujeito não é...

... é ruim da cabeça ou doente do pé!

(Caymmi)



Para entender: O Dia Nacional do Samba surgiu por iniciativa de um vereador baiano, Luis Monteiro da Costa, para homenagear Ary Barroso. Ary já tinha composto seu sucesso "Na Baixa do Sapateiro", mas nunca havia posto os pés na Bahia. Esta foi a data que ele visitou Salvador pela primeira vez. Engraçado, não? A festa foi se espalhando pelo Brasil e virou uma comemoração nacional. (fonte: http://academiadosamba.com.br)




Doe sangue. Doe vida.

domingo, novembro 30, 2008 0 comentários


Um ato voluntário


O sangue é um tecido vivo que não tem substituto e, para algumas pessoas, significa a diferença entre a vida e a morte. Uma doação pode salvar várias vidas. Pessoas em situação de hemorragias, cirurgias, queimaduras, leucemias, heomofilias e anemias são as mais beneficiadas. Por isso, é essencial a doação de sangue.

A doação de sangue é um ato seguro. Todo material usado é descartável. Cada voluntário é avaliado pelo médico. Além disso, somos muito bem recebidos pela equipe: recepcionistas, enfermeiras, assistente social e médicos.

Todo sangue é examinado. Em todo material colhido são feitos exames para as doenças transmissíveis pelo sangue, por exemplo: sífilis, hepatites, doença de Chagas, AIDS e malária. Além da classificação e do fator Rh. Assim, é garantida a segurança para quem recebe as transfusões de sangue e para o doador. Caso seja constatado algum problema, o doador será comunicado e orientado pelo Serviço Social para o tratamento adequado.

Procure o Hemonúcleo de Imperatriz
Rua Coriolano Milhomem, s/n Centro
Telefone: (99) 3525-2737
Disque sangue 0800 280 6565

Requisitos para se doar
Ter entre 18 a 60 anos;
Ter peso igual ou superior a 50 kg;
Aguardar 3 horas após o almoço;
Ter doado após: 60 dias para os homens; 90 dias para as mulheres;
Ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas.

Quantidade Coletada
Aproximadamente 450 ml

Impedimentos temporários
Estar gripado ou com febre;
Estar grávida ou até 3 meses após o parto;
Estar em tratamento médico;
Ter ingerido bebida alcoólica no dia da doação;
Ter tatuagem feita há menos de 1 ano;
Ter tido malária nos últimos 12 meses.

Fonte: Cartilha "Seja você também doador"

segunda-feira, novembro 24, 2008 0 comentários

Boa noite rapaziada! Boa noite meninada!

Ter que ensinar a tarefinha atrasada pra irmã mais nova é a coisa mais estressante que existe! Depois de um longo dia de trabalho, 150 km percorridos, a tarde na faculdade, chego em casa louca pra ficar sem ter o que fazer. Doce ilusão, hoje, logo hoje, a Maria Helena (minha irmã que faz a 1ª. série) não realizou o dever de casa contando com as minhas explicações. A atividade? Responder a ficha de leitura do livrinho paradidático do bimestre. A minha vontade foi enchê-la de beliscões!

A pirralha apareceu com "O Rei do Mamulengo", de Rogério Andrade Barbosa, Ed. FTD. É claro que resgatei toda a didática adquirida ao longo dos quatro anos em sala de aula, trabalhando com Literatura. Com um diferencial, e o que me salvava, lidava com alunos mais velhos. Com crianças, definitivamente, me falta jeitinho, ou melhor dizendo paciência!

Obrigatoriamente, fizemos a (re)leitura da historinha. Até que foi divertido! Ela narrava e eu fazia as vozes das personagens. As ilustrações, de André Neves, representam fielmente os bonequinhos.

"Alguns historiadores dizem que o termo mamulengo deriva de "mão molenga" - a maneira como o manipulador segura o boneco. O termo é oriundo do Nordeste brasileiro e segundo alguns estudiosos teria sido criado por frei Gaspar de Santo Antônio, em Pernambuco, no século XVI." (fonte:http://www.mamulengosrolim.hpg.ig.com.br/oquesao.html)

O improviso, o humor, a irreverência e a grande interação com o público são as marcas essenciais desse teatro popular. Além disso, os criadores dos bonecos são responsáveis por tudo: fabricar, montar, inventar as falas, montar o cenário e, é claro... passar o chapéu pra recolher as moedinhas. Nada mais justo!

Tal atividade me fez pensar em todos os artistas populares brasileiros, especialmente, um mamulengueiro que passou por aqui e me encheu de arte. "Aqui terminou a brincadeira. Até outro dia com novas poesias e muita coisa boa."

AML

sábado, novembro 22, 2008 0 comentários


100 anos da Academia Maranhense de Letras


Em 2008, comemora-se o centernário da Academia Maranhense de Letras - AML, a quarta mais antiga do Brasil.

Sua fundação ocorreu no salão da Biblioteca Pública do Estado, e a sessão inaugural foi realizada no dia 07 de setembro de 1908.


Na Casa Antonio Lobo, como é porpularmente conhecida, são realizados cursos literários, plaestras, exposições de artes plásticas. Além da promoção e lançamentos de livros.





Onde encontrar:

A sede da AML está localizada na Rua da Paz, s/n - Centro

São quase 5 da manhã

quarta-feira, novembro 19, 2008 2 comentários


A turma de Lulu Palhares

Sem dúvidas, o melhor benefício em acordar de madrugada é acompanhar a transmissão de episódios (mesmo que repetidos) das aventuras de Lulu e sua turma. Quase cinco da manhã, de banho tomado e mochila nas costas, aguardo o som sutil da buzina do seu Antônio na porta da minha casa, indicando que o novo dia de trabalho se inicia. Temos alguns quilômetros pela frente e muitas histórias pra contar, ouvir e, é claro, gargalhar. Enquanto isso, com uma tigela de sucrilhos, acompanho mais uma aventura da Luluzinha.


Luluzinha e Bolinha surgiram em minha vida através das revistas publicadas pela editora Abril. Lembro das incontáveis tentativas frustrantes da Lulu entrar no clube dos meninos, que tinha como lema a frase: Menina não entra! Das lições de moral no Alvinho, que de nada adiantavam, dos ataques do Bolinha à geladeira dos Palhares. Ao final de cada desenho, exibido na Globo, desperto a casa inteira. Ou com minhas risadas ou com o barulho de algum objeto que deixei cair pelo chão. Não tem jeito, minha 'falta' de coordenação misturada com a saída às pressas, faz com que eu tropece e derrube algo. Tempo suficiente pra ouvir: Vá com Deus, minha filha!



A Festa do Bolinha

( Roberto Carlos / Erasmo Carlos )


Eu ontem fui a festa na casa do Bolinha
Confesso não gostei dos modos da Glorinha
Toda assanhada, nunca vi igual
Trocava mil beijocas com o Raposo no quintal
Porém pouco durou aquela paixão
Pois Bolinha com ciúmes, formou a confusão
Aninha tropeçou, e os copos derrubou
E a casa do Bolinha em um inferno se tornou
Bolinha provou que é ciumento para "xuxu"
E que não gosta da Lulu
Bobinha, que por ele ainda chora
Com tanto pão dando bola no salão
Luluzinha foi gostar logo de um bolão
Com tanto pão dando bola no salão
Luluzinha foi gostar logo de um bolão


Bola é apaixonado pela Glória que é apaixonada pelo Plínio. Lembra "Quadrilha" de Drummond. Acredito que no fundo, no fundo, o Bolinha morre de amores pela Luluzinha. Só não sabe disso!

Jornalismo na Ufma

sábado, novembro 15, 2008 0 comentários






Há 2 anos, assim que se faz!





O segundo semestre letivo de 2006 anunciou uma nova etapa na Universidade Federal do Maranhão. No dia 16 de novembro, foi realizada a aula inaugural para os alunos da primeira turma de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, em Imperatriz.

O curso de Jornalismo tem por objetivo a formação de um profissional consciente da realidade em que vive, utilizando o seu potencial criador em benefício da sociedade de forma crítica.

Para comemorar a data, a jornalista Gisele Marques, assessora de Comunicação da Ufma, realizou a palestra “Assessoria de comunicação, jornalismo e interesse público”, no auditório do Campus Imperatriz. Depois de cantarem os parabéns, professores e alunos partiram o bolo.

70 anos de Vidas Secas

segunda-feira, novembro 10, 2008 0 comentários

"Você é um bicho, Fabiano"

Em 2008, Vidas Secas, do escritor alagoano Graciliano Ramos, completa 70 anos de sua primeira edição. A obra é um marco na literatura brasileira por reproduzir a luta pela sobrevivência do sertanejo nordestino, além de fazer uma crítica social, abordando as causas da miséria e do flagelo da estiagem.

O romance narra a jornada de uma família de retirantes. Fabiano, Sinhá Vitória e os dois meninos, seguidos pela cachorra Baleia, vagam de fazenda em fazenda, percorrendo quilômetros de terra rachada, em busca de um pedaço de chão que lhes dê o que comer. São criaturas jogadas ao extremo da miséria, vestem-se com roupas sujas e rasgadas, não possuem casa, comida, saúde nem futuro. Como se já não fossem muitas as adversidades, os retirantes ainda sofrem com a prepotência do fazendeiro enganador e com as injustiças de uma estrutura sociopolítica decadente. (Fonte: CEREJA, William Roberto. Literatura brasileira. São Paulo: Atual, 1995)

As condições desumanas de vida colocam no mesmo nível pessoas e animais. Fabiano e sua família não dominam a linguagem verbal. Falam pouco e se comunicam mais por grunhidos, assim como os bichos.

"— Você é um bicho, Fabiano. Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades.(...)

Deu estalos com os dedos. A cachorra Baleia, aos saltos, veio lamber-lhe as mãos grossas e cabeludas. Fabiano recebeu a carícia, enterneceu-se:

— Você é um bicho, Baleia.

Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. A pé, não se agüentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio. Às vezes utilizava nas relações com as pessoas a mesma língua com que se dirigia aos brutos - exclamações, onomatopéias. Na verdade falava pouco. Admirava as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas, em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas.

(...)

Às vezes largava nomes arrevesados, por embromação. Via perfeitamente que tudo era besteira. Não podia arrumar o que tinha no interior. Se pudesse... Ah! Se pudesse, atacaria os soldados amarelos que espancam as criaturas inofensivas."

(Graciliano Ramos. Vidas Secas. 103ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2007. p. 19-20; 36)

Em 1963, o romance foi adaptado para o cinema, assinado pelo diretor Nelson Pereira dos Santos. Foi o único filme brasileiro a ser indicado pelo British Film Institute como uma das 360 obras fundamentais em uma cinemateca.


Cena do filme Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos. Fabiano, Sinhá Vitória e Baleia: a fuga da seca.

Histórias do Clube da Esquina

sexta-feira, novembro 07, 2008 0 comentários


Os sonhos não envelhecem

A riqueza poética dos músicos mineiros desperta o meu interesse a cada composição. Outro dia, li sobre o possível reencontro (mais um, diga-se de passagem) de tantas pessoas que fizeram parte do Clube da Esquina. Espero ansiosamente para tal confirmação. Ao longo dos anos - o movimento musical existe desde os anos 60 - não pude acompanhá-los juntos uma vez sequer. Ainda bem que posso resgatá-los nas discografias digitais.


Capa do primeiro disco Clube da Esquina lançado em 1972

Os principais participantes foram Milton Nascimento, Lô Borges e seus irmãos Marilton e Márcio, Beto Guedes, Tavinho Moura, Wagner Tiso, além dos componentes do 14 Bis. Diante de nomes que jamais serão esquecidos, gostaria de destacar Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes e Flávio Venturini. Suas melodias fazem parte da trilha sonora da minha vida.

Desde pequena, ouço Milton. Minha mãe curtia o som do cara. Ela tinha um LP (não recordo o título) em que a reprodução da música "Nos bailes da vida" era feita inúmeras vezes nas tardes de sábado. "... Cantar era buscar o caminho que vai dar no sol. Tenho comigo as lembranças do que eu era para cantar nada era longe, tudo tão bom..." Hoje, a minha preferida é "Quem sabe isso quer dizer amor".

Beto Guedes emplacou alguns hits. "Espelhos D'água", que ficou conhecida na voz de Patrícia Marx: "... Ah! Que vontade de ter você, que vontade de perguntar se ainda é cedo? Hum, que vontade de merecer um cantinho do seu olhar, mas tenho medo...". "Sol de primavera": " ... mesmo assim não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer. Sol de primavera abre as janelas do meu peito, a lição sabemos de cor só nos resta aprender...". "Amor de índio", essa canção foi resgatada na novela protagonizada pela Sandy. Além de "O Sal da Terra": "Vamos precisar de todo mundo pra banir do mundo a opressão, para construir a vida nova, vamos precisar de muito amor. A felicidade mora ao lado e quem não é tolo pode ver..."

Ah, Lô Borges. Pude vê-lo e ouvi-lo, ao vivo e em cores, em Fortaleza. Na época, nem sabia quem era o cara, mas foi só ouvir o refrão "... você pega o trem azul, o sol na cabeça, o sol pega o trem azul, você na cabeça..." Não sei o porquê de ter o registro dessa música na memória. O xou foi lindo, emocionante. Ainda fui apresentada a ele pelo meu primo, um dos idealizadores do evento. Troquei duas palavrinhas com o ilustríssimo cantor, não lembro o que falei, talvez tenha dito uma grande bobagem que me fez receber de suas mãos um guardanapo com a seguinte frase: Aldinha, lindinha, beijo do Lô. Lembrando que, no mesmo dia, conheci Mauricio Maestro, um dos criadores do grupo musical Boca Livre. O cara é reconhecidíssimo por seus arranjos instrumentais.

Flávio Venturini é o meu preferido. Em trabalhos solo ou com 14 Bis, ao vivo, acústico, voz/teclado, de qualquer jeito, definitivamente. As canções mais conhecidas são: "Espanhola", "Todo azul do mar", "Pra lembrar de nós" e "Noites com sol": "... posso entender o que diz a rosa ao rouxinol, peço um amor que me conceda noites com sol..." . Tem também "Céu de Santo Amaro", uma parceria com Caetano Veloso, que foi tema da Zuca, protagonista da novela global Cabocla.

Por esses e outros motivos, torço para que os mineirinhos voltem aos palcos. Nem que seja pra eu aplaudi-los pela tevê!

Todo dia é dia da Cultura

terça-feira, novembro 04, 2008 0 comentários

O vôo da Águia de Haia

O Dia Nacional da Cultura Brasileira foi instituído através da Lei Federal nº 5.579, de 19 de maio de 1970 e celebra o nascimento de um dos protagonistas da História do Brasil - Rui Barbosa, que nasceu em 5 de novembro de 1849.
"A pátria não é ninguém: são todos; e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à idéia, à palavra, à associação"
(Rui Barbosa)
Sobre o autor: Nascido em 5 de novembro de 1849, em Salvador, na antiga Rua dos Capitães, Rui Barbosa de Oliveira é um dos intelectuais mais influentes que o Brasil já produziu. Advogado, jurista, orador, escritor, seu legado está reunido nas Obras Completas, em 50 volumes, que ainda hoje influenciam o mundo jurídico brasileiro e extrapolam, inclusive, este universo. O Barão do Rio Branco deu-lhe a alcunha "A Águia de Haia", por preservar os interesses nacionais e defender a soberania dos países menores, na 2ªConferência da Paz de Haia, na Holanda, em 1907.
- O que eles disseram sobre a CULTURA -
"Um pouco de cultura é uma coisa perigosa" (Alexander Pope)
Interrogado sobre a diferença existente entre os homens cultos e os incultos, disse: 'A mesma diferença que existe entre os vivos e os mortos' (Aristóteles)
"A cultura é a busca da nossa perfeição total mediante a tentativa de conhecer o melhor possível o que foi dito ou pensado no mundo, em todas as questões que nos dizem respeito" (Matthew Arnold)
"A cultura é aquilo que permanece no homem quando ele já esqueceu tudo o resto" (E. Henriot)
A vida, tornada filme, torna-se também espetáculo

“Registamos os fatos para mudar a história” (Gabriel Garcia Marques)

Ônibus 174 é o documentário que reconstitui o sequestro na zona sul do Rio de Janeiro, na tarde do dia 12 de junho de 2000. O incidente foi filmado e transmitido ao vivo por quatro horas, chocando o país. O drama terminou com a morte de Sandro Nascimento, o bandido, e de uma de suas vítimas, Geísa.

O documentarista faz uma reportagem aprofundada sobre a vida do ex-menino de rua. A contextualização da historia do bandido faz com que o “EUspectador” minimize a culpa de Sandro. A biografia do garoto é excludente. Ele testemunhou o assassinato da mãe quando criança, foi morar na rua e sobreviveu à chacina da Candelária. Era analfabeto, roubava para comprar drogas, passou por algumas cadeias e seu maior desejo era se tornar famoso. Diante essa falta de perspectivas, acreditava que só através do reconhecimento poderia alcançar um objetivo. A celebridade instantânea trouxe-lhe a visibilidade tão desejada. Já que, desde criança, fora mais um na multidão. Junto aos flashs, ódio, rancor, desespero e morte. "Se Sandro fosse um personagem de ficção não teria sido tão bem inventado." (Luiz Zanin Oricchio)

A espetacularização do episódio pelos veículos de comunicação e a repetição sensacionalista das mesmas imagens captadas pelas emissoras ‘ao vivo’ revela o show da crueldade.

Ficha Técnica
Ônibus 174
Direção: José Padilha
Produção: José Padilha e Marcos Prado
Fotografia: César Moraes e Marcelo Guru
Tempo de Duração: 133 min
Lançamento: 2002

Bicentenário da Imprensa no Brasil

sexta-feira, outubro 24, 2008 0 comentários

Marco inicial da Imprensa no Brasil

"O primeiro dever do homem em sociedade é ser útil aos membros dela; e a cada um deve, segundo as suas forças físicas, ou morais, administrar, em benefício da mesma, os conhecimentos, ou talentos, que a natureza, a arte, ou a educação lhe prestou. (...) Ninguém mais útil, pois, do que aquele que se destina a mostrar, com evidência, os acontecimentos do presente, e desenvolver as sombras do futuro."

(Hipólito José da Costa. Correio Braziliense. 1808)


Exposição: A História da Imprensa no Maranhão


27 de outubro a 19 de novembro
A partir das 13h
Shopping São Luís/ Box Cinemas
São Luís - MA

VI Semana Imperatrizense do Livro




I Feira Regional do Livro e Leitura
De 20 a 25 de outubro
Praça da Cultura
Das 08h às 22h



Dia 20, Segunda-feira

19h: Abertura oficial
20h: Lançamento do livro "O caçador", Livaldo Fregona
21h: Show Neném Bragança


Feira e lançamentos de livros, palestras, debates, oficinas e sebo.

A celebração do centésimo qüinquagésimo sexto (156°) festejo em honra a Santa Teresa d'Ávila, que é por excelência divina, co-fundadora da cidade de Imperatriz e Padroeira da Diocese, foi realizada de 06 a 15 de outubro. A festa valoriza e integra as diversidades culturais da nossa gente. O último dia de festejo, feriado municipal, contou com uma vasta programação, desde às cinco horas da manhã. Entre elas, celebração em ação de graças pelo dia do professor, alvorada e queima de fogos, além das ações mais esperadas, as procissões fluvial e terrestre.

A procissão fluvial saiu do Náutico Clube (próximo à praia do Cacau), por volta das 16:30h – fez o translado pelo rio Tocantins - até chegar ao Porto da Balsa, às 17h30. Em seguida, uma multidão aguardava o andor da imagem de Santa Teresa no Porto da Balsa, dando assim, início a procissão terrestre, percorrendo as principais ruas da cidade até chegar à Paróquia Matriz Santa Teresa d'Ávila, na Rua XV de Novembro. O encerramento, às 19h com a celebração eucarística campal, realizada pelo bispo Dom Gilberto, pároco Raimundo Nonato e dez presbíteros da região. Segundo a assessoria da igreja, a programação de encerramento reuniu o maior número de fiéis, 15 mil, ao todo, no maior cortejo em honra à Santa Teresa.
De acordo com o Pe. Raimundo Nonato, pároco da igreja, “A vivacidade da festa está em celebrar em família e comunidade com Santa Teresa d'Ávila, nossa mestra espiritual, a união perfeita entre a Fé e Vida estimulando as iniciativas de evangelização de nossas comunidades e renovando o compromisso transformador de todo povo de Deus na cidade e Diocese de Imperatriz.”

Durante o festejo, houve bênçãos para as famílias, pais, mães, professores, jovens, idosos e governantes. Além de manifestações artísticas, como exposição de artesanatos, objetos de arte, confecção, culinária e música sacra e regional, e também, shows com bandas católicas e cantores da terra.

A resistência da fé

Em 16 de julho de 1852 com a chegada de Frei Manoel Procópio em nossas terras deu-se o marco desse respeitável acontecimento. Ele, sendo da Ordem Carmelita, trouxe a imagem de Santa Teresa d'Ávila que com a Igreja Matriz - a primeira capela da cidade -, a ela dedicada, fazem parte do patrimônio histórico de Imperatriz. Esta festa é tradicional e popular em toda região, não só pelo seu aspecto religioso, mas pelas manifestações sociais e culturais.

Vale ressaltar a fidelidade e a preocupação da comunidade de Santa Teresa com a oração e, ao mesmo tempo, a conformidade com o tema da Campanha da Fraternidade deste ano, “Fraternidade e Amazônia”, que convida toda Igreja para a conversão tendo como apelo a conservação da natureza, fonte de vida e de esperança para todos os homens.
Por isso, a Festa de Santa Teresa, integra e anima o povo de Deus, em especial, os católicos. E faz parte do calendário da cidade, pois resgata as tradições do nosso povo.

Um outro mundo é possível

segunda-feira, outubro 13, 2008 0 comentários

Fórum Social Mundial 2009

De 27 de janeiro a 1° de fevereiro de 2009, Belém, no Pará, sediará o Fórum Social Mundial. Durante esses dias, o Brasil será o centro da cidadania e referência mundial no questionamento à desigualdade, à injustiça, à intolerância, à devastação ambiental e ao preconceito.

As inscrições poderão ser realizadas no período de 7 de Outubro a 7 de novembro. Nessa primeira etapa, apenas organizações, entidades e redes de organização da sociedade civil poderão se inscrever e propor atividades. As inscrições para indivíduos serão abertas posteriormente.

O que é o Fórum Social Mundial?
O FSM é um espaço aberto de encontro – plural, diversificado, não-governamental e não-partidário –, que estimula de forma descentralizada o debate, a reflexão, a formulação de propostas, a troca de experiências e a articulação entre organizações e movimentos engajados em ações concretas, do nível local ao internacional, pela construção de um outro mundo, mais solidário, democrático e justo.


Visite: http://www.fsm2009amazonia.org.br

Samba-canção estilizado

sábado, outubro 11, 2008 1 comentários

100 anos de Cartola

"O nobre, o simples, não direi o divino, mas o humano Cartola, se apaixonou pelo samba e fez do samba o mensageiro de sua alma delicada" (Carlos Drummond de Andrade)

O sol nascerá
(Cartola)

A sorrir
Eu pretendo levar a vida
Pois chorando
Eu vi a mocidade
Perdida

Fim da tempestade
O sol nascerá
Finda esta saudade
Hei de ter outro alguém para amar
Em comemoração aos 80 anos do nascimento de Ernesto Che Guevara: Semana CHE
Por uma América Latina livre!


De 06 a 17 de outubro, em São Luís, acontece a Semana Che, que reúne exposições, debates em escolas públicas, curso, exibição de filmes e documentários. Uma parceria entre O Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e o Governo do Estado do Maranhão.

Informações: www.expressaopopular.com.br

"Quantos cegos serão precisos para fazer uma cegueira? Ninguém lhe soube responder."

"(...) e serenamente desejou estar cega também, atravessar a pele visível das coisas e passar para o lado de dentro delas, para a sua fulgurante e irremediável cegueira." ('Ensaio sobre a cegueira', José Saramago)

Baseado no livro de 1995 de José Saramago, uma epidemia de cegueira prolifera-se por uma cidade, resultando no colapso da sociedade.


Direção: Fernando Meireles

Produção: Andrea Barata Ribeiro/ Niv Fichamn/ Sonoko Sakai

Roteiro: Don Mckellar

Elenco: Mark Ruffalo/ Julianne Moore/ Gael Garcia Bernal/Yusuke Ieseya/Alice Braga/ Yoshino Kimura/Danny Glover

Gênero: Suspense

Tempo: 117 min

Centenário da morte de Machadinho

terça-feira, setembro 30, 2008 0 comentários

A cartomante
Aparência x essência

O conto “A cartomante”, de Machado de Assis aborda e enfatiza um triângulo amoroso, marcado pela presença mística e de fundamental importância de uma cartomante. A existência dessa personagem misteriosa e influenciadora modifica o comportamento das personagens, mudando assim, o desenrolar dos fatos na trama, que ocorre na segunda metade do século XIX.


“Hamlet observa a Horácio que há mais coisas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia”

Com essa citação, o conto nos prepara para os acontecimentos misteriosos e de grande confusão mental. O triângulo amoroso é representado pelas personagens Vilela, Rita e Camilo. Pessoas comuns, aparentemente, mas marcadas pela ambigüidade e tomadas de sentimentos contraditórios. Essa distinção do ser e parecer é determinada pelas correntes teóricas e filosóficas vigentes do Realismo.

Rita é a mulher ‘realista’, representa as damas da sociedade com qualidades e defeitos, não tão idealizada, menos ‘dondoca’ e mais ousada. É envolvente e sedutora.
“Realmente, era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos, boca fina e interrogativa”

Vilela é o marido de boa índole, respeitador, objetivo e racional. Bem sucedido profissionalmente, entrou na carreira de magistrado, em seguida, abriu banca de advocacia. “O porte grave de Vilela fazia-o parecer mais velho que a mulher”

Camilo é o amante. Ele desperta o desejo em Rita. É fraco e se deixa seduzir, aparenta segurança, mas não passa de um covarde. Amigo de Vilela desde a infância, aproxima-se do casal. Sem perceber, envolve-se com a mulher do amigo. Sempre espera que os outros façam por ele, não possui autonomia.


“Camilo entrou no funcionalismo público, contra a vontade do pai, que queria vê-lo médico; mas o pai morreu e Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego no funcionalismo público”

As personagens são construídas com certa deformação moral, com costumes, valores e conflitos. Revelando o ser humano de fato como ele é.
“Uniram-se os três. Convivência trouxe intimidade. Pouco depois morreu a mãe de Camilo, e nesse desastre, que o foi, os dois mostraram-se grandes amigos dele”

Todos os relacionamentos da obra, sejam eles do matrimônio de Rita e Vilela, da amizade de Vilela e Camilo e do amor proibido de Camilo e Rita são formados por jogos de aparência, falso moralismo, adultério, dissimulação, crendices e ciúmes.

A cartomante no triângulo desequilibrado, representa à Rita, a sustentabilidade e a tranqüilidade. Porém, ela nada mais é que, a manipuladora que tira proveito da fragilidade e ingenuidade dos clientes. É inescrupulosa com todos que a procuram, que acreditam em cada palavra proferida.

A vida ocorre como algo que foge do controle das protagonistas, sendo a cartomante, única pessoa apta para desvendá-la.

Fazendo uma releitura, Vilela enviou uma carta ao amante da esposa, retomando o título do conto: “cartomante”. E, a cartomante é quem dá as cartas no jogo. Dessa forma, Vilela assume o papel da própria cartomante, já que, ele foi o responsável pela atitude de Camilo, de ir ao seu encontro, de não reagir e portar-se como um covarde diante da morte.
“Vilela pegou-o pela gola, e, com dois tiros de revólver, estirou-o morto no chão”

A distinção entre o ser e o parecer é o final trágico do conto. Vilela, caracterizado com calmo e tranqüilo, é tomado pelo ódio e vaidade ao descobrir a dupla traição. De maneira que, acaba com vida dos amantes. Durante o enredo, mostrou ser uma pessoa, quando na verdade é outra. A situação o levou a agir de maneira imprudente. O meio modificando o homem.

Contra a escuridão da cidadania cultural

segunda-feira, setembro 29, 2008 0 comentários

Arte & Papo
Violão e um bom dedo de prosa

Participações: Sanzio Rossini e Ju Noleto

O espaço cultural OcupArte retoma as atividades com todo vapor. A idéia é possibilitar encontros entre artistas, educadores e a comunidade de Imperatriz para discutir Arte, Educação e o Fazer Artístico.

Data: 30 de setembro de 2008
Terça-feira

Local: Espaço Cultural OcupArte
Rua Simplício Moreira, 827
(Em frente ao Colégio Dorgival Pinheiro de Sousa)

Horário: Das 19h às 21h

Contribuição solidária: R$ 5,00
(Para manutenção do espaço)

Informações: 3535-2616/ 8129 6607 (Alexandre ou Lília)

De personas a personas

quarta-feira, setembro 24, 2008 0 comentários

Todo mundo nu


Dani Martin, vocalista da banda, também é ator. Além disso, gatíssimo


El Canto Del Loco é uma banda de rock de Madri que lançou cinco discos e já vendeu mais de um milhão de cópias. No sábado, eles gravarão o novo cd, ao vivo, que será lançado em dezembro. Mas, quem comparecer ao estádio Cubierta de Legané, deverá cumprir uma das exigências da banda, ficar pe-la-di-nho. Sejam fãs, técnicos, imprensa ou curiosos. A idéia é fotografar a platéia espontaneamente, como uma forma artística.

Um dos músicos afirmou que as fotos serão cuidadas com critérios que retratarão a beleza, a paz e o amor. Viva o nudismo!


"Solamente oir tu voz
Ver tu foto en blanco y negro
Recorrer esa ciudad
Yo ya me muero de amor"

(Una foto em blanco y negro)





Tá afim!? Booora!


FMI

quinta-feira, setembro 18, 2008 0 comentários

III Festival de Música de Imperatriz

O Festival de Música de Imperatriz abre um espaço interessante para os músicos manifestarem originalidade na criação musical e mostrarem sua arte ao público. As apresentações acontecerão no Teatro Ferreira Gullar, a partir das 20h. A entrada é 1kg de alimento não perecível. O evento contará com apresentações de artistas convidados. Cada noite receberá um cantor da região.

A primeira fase do processo de seleção foi a análise do material enviado pelo artista. Mais de noventa músicas foram inscritas. Uma comissão julgadora selecionou vinte e oito participantes para a mostra ao vivo . Serão duas noites de eliminatórias e uma final onde serão premiados os vencedores.

Classificados

Dia 18/09, quinta-feira

1. Dia a dia, Adriano Pezerra
2. Bebeu ficou, Gilson Mello
3. A fragrância da chuva, Dvaires
4. Pirilampo, Chico Braw
5. Lá no sertão, Miro Gonçalves
6. A história de Imperatriz, Adonis
7. Amor distante, Glauciene Rosa
8. Diferenças, Sanzio Rossini
9. Simples versos, The Cafones
10. Me faz bem, Delta 53
11. Vida do meu amor, Clodoaldo
12. Renúncia, Raiana
13. Dê-me uma chance, Merino Quirino
14. 25 de maio, Stopage

Show de Zeca Tocantins

Dia 19/09, sexta-feira

1. Simetria, Madame Lulu
2. A passagem do trem, Aziz
3. Só você não viu, Jhonatan
4. Lembranças, Hangus
5. Nostradamus, Arnaldo Bruno
6. Olhos de mulher, João Carlos
7. Natureza viva, Deivid Campos
8. Traíra, Engenho civil
9. Acrediar que existe amor, Nilton Nogueira
10. Política virtual, Zé Ribeiro
11. Meu encanto, Terezinha Brejão
12. Sou da América, Paulo 14
13. Saudades, Anki
14. Sempre te amar, Leila

Show de Neném Bragança

Final: dia 20 de setembro de 2008
Abertura: Genésio Tocantins

Educação ambiental

sábado, setembro 13, 2008 1 comentários

Parque Botânico Vale



- O Parque Botânico fica localizado na área Itaqui-Bacanga, em São Luís, Maranhão. Possui uma área de 106 hectares, com predominância de formação florestal típica, margeada pelas matas ciliares e matas de várzea. Entre as espécies da flora maranhense destacam-se a copaíba, o pequiá, as juçareiras e buritizeiros.

- O espaço é aberto a visitação pública a partir de terça-feira, com direito a trilhas ecológicas guiadas, espaços para oficinas temáticas, palestras, minicursos e apresentações culturais. Além de um auditório e de um anfiteatro, quatro salas de aula, uma sala de leitura e lanchonete.

- Para ter acesso ao Parque é necessário agendar antecipadamente a visita pelo telefone (98) 3218-6245, em dias úteis, a partir das 8h30.


Parque Botânico

De terça a domingo

Horário: 09h às 17h

Entrada: gratuita

Local: São Luís - MA

A Secretaria de Estado da Cultura divulgou a lista de contemplados no Edital de Apoio à Formação, Produção e Circulação Cultural. O órgão desenvolve suas ações englobando as atividades culturais nas áreas de Artes Cênicas, Visuais, Plásticas, Literárias e Musicais. Cerca de 280 projetos foram inscritos na seleção. Vale ressaltar o êxito da produção imperatrizense.

No Audiovisual, destaque para:
=> Camelo, de Antonio Fabrício Evangelista Barbosa, que receberá R$ 10 mil.
=> Rodo-vidas, de Cláudia Luciana Magalhães Novais, R$ 30 mil.

Festivais de Música:
=> III Festival de Música de Imperatriz, de Zeca Tocantins, R$ 30 mil.

Apure seus sentidos

quinta-feira, setembro 04, 2008 3 comentários


"... eu estive tão distraído que não senti e os sentidos deixaram-me..."

('Ex falso', Violins)



"Pelo ouvido"

Direção: Joaquim Haickel
Roteiro: Joaquim Haickel e Arturo Sabóia
Categoria: Ficção
Elenco: Eucir Sousa, Amanda Acosta
Tempo: 17 min
São Luís - MA

- No primeiro semestre, Joaquim Haickel representou o Estado do Maranhão e foi premiado em dois festivais de cinema, o “Boston Internacional Film Festival”, nos Estados Unidos, e o Festival de Cinema de Cabo Frio, no Rio de Janeiro. O filme “Pelo Ouvido” (única produção brasileira selecionada para o festival) ganhou o prêmio de melhor direção, em Boston. No mesmo dia, a produção deu o que falar! Recebeu os prêmios de melhor atriz para Amanda Costa e de melhor filme, como prêmio especial do júri técnico no festival de Cabo Frio. Pelo ouvido concorreu em agosto no Montreal World Fil Festival, na sesseão Focus do Cinema Mundial. Além disso, encerrou o Festival Guarnicê de Cinema e Vídeo 2008. O curta foi rodado em São Paulo no segundo semestre de 2007 e finalizado esse ano. Com roteiro de Joaquim Haickel e Arturo Sabóia, é dirigido pelo autor do conto e tem produção executiva de Ana Mendonça e Coi Belluzzo. O filme conta a história de Katie (Amanda Acosta) e Charlie (Eucir de Souza). Charlie é vítima de um grave acidente que o deixa cego, surdo e mudo. Charlie mergulha no silêncio de um mundo que nem sempre satisfaz as fantasias da jovem Katie.



- Além disso, “Pelo ouvido” foi selecionado para participar do Palm Springs International Short Film Festival, do 12º Los Angeles Latino International Film Festival (Califórnia, Estados Unidos), do On & Off 4 Festival Creativo de Curtas en Ribadeo (Lugo, Espanha), do Firstglance Film Fest Philadelphia 11(Pensilvânia, Estados Unidos), do Festival des Films du Mond (Montreal, Canadá), do XXV Festival de Cine de Bogotá (Colômbia). Escolhido também nos festivais nacionais: 8ª Goiânia Mostra Curtas e da XXXV Jornada Internacional de Cinema da Bahia e II Festival de Cinema com Farinha (Patos, Paraíba).



- Dicionário Sentimental -

domingo, agosto 31, 2008 0 comentários

No coração humano existe uma força interior que lhe permite sonhar com um mundo mais justo. Buscamos valores humanitários para a construção de uma sociedade que ofereça oportunidade a todos. Isso depende do nosso exercício de fazer o bem.

A justiça só será possível desenvolvida de maneira igualitária e universal, decorrente das leis: natural, humana e divina. Assim, ao identificarmos problemas, não deixaremos responsabilidades para outros, reconheceremos seu significado tal como é, coletivo.

O sentido é fazer com que o homem não viva os valores éticos em função do medo, mas pelo amor ao próximo.


Justiça pra nós é isso.

(Definição em cem palavras)

As palavras e suas faces

quarta-feira, agosto 27, 2008 0 comentários

"Está morto, podemos elogiá-lo à vontade" (O próprio)







A reunião, nele mesmo, da teoria e da prática!

Cinema no Teatro

domingo, agosto 24, 2008 0 comentários

Preste atenção, o mundo é um moinho





"Machado de Assis morre no ano em que Cartola nasce. É a transição de uma cultura literária, acadêmica, para uma cultura também mulata, mas de traço mais popular" (Lírio Ferreira)





O documentário "Cartola", dirigido por Lírio Ferreira e Hilton Lacerda, tem como base entrevistas com amigos, parceiros e pessoas que conviveram com o mestre Cartola, o trovador do samba. O filme lançado em 2006, conta ainda com Aloysio Raolino na direção de fotografia e Cláudio do Amaral Peixoto na direção de arte.

"Cartola, música para os olhos"

Onde? Teatro Ferreira Gullar

Quando? Amanhã, 25 de agosto

Que horas? 19h

Quem vai? "Quem não gosta de samba, bom sujeito não é!"

Quanto custa? Zero 800

Com que roupa? Vai assim... chique à vontade!

Festival Guarnicê de Cinema

quinta-feira, agosto 21, 2008 0 comentários

Mostras de Cinema Itinerante


O Festival Guarnicê de Cinema é um dos mais antigos festivais de cinema e vídeo do Brasil. Foi criado em 1977, com o nome de Jornada Maranhense de Super 8. Em 31 anos de evento, é a primeira vez que Imperatriz recebe uma mostra itinerante.



Data: 20 a 22 de agosto
Promoção: Departamento de Comunicação Social/ Ufma
Outras atividades: Oficina de Iniciação ao Cinema
Local de exibição: Auditório da Ufma
Horário: A partir das 18h
Filmes exibidos (Principais premiados): "O Senhor da Floresta”, de Mivan Gedeon e Alexandre/ “100 Supertições”, de CH Brandão/ “O crime da Ulen”, de Murilo Santos

Para saber mais sobre o festival: http://www.festivalguarnice.com.br/

Dia Mundial da Fotografia

terça-feira, agosto 19, 2008 1 comentários

“Fotografar e desenhar - fazendo um paralelo - a fotografia é, para mim, a impulsão espontânea de uma atenção visual perpétua, que capta o instante e sua eternidade. O desenho elabora por sua grafologia o que a nossa consciência captou daquele momento. A fotografia é uma ação imediata; o desenho uma meditação”
(Henri Cartier-Bresson)


A poesia em movimento


Segunda-feira. Quatorze de maio de dois mil e sete. Por volta das quinze horas, apareço ofegante na Ufma.

Depois de tanto bater perna no centro comercial da cidade, disputando um espaço entre calçadas e ruas congestionadas por vendedores de muambas e afins, ao lado da minha queridíssima mãe, que parece ter tirado o dia pra sermões compridos e carregados de chantagens emocionais, chego à conclusão de que eu não deveria ter saído de casa. Ai, que tédio!

Muito atrasada, dirijo-me à sala de aula, não encontro ninguém, a não ser um recado na lousa: “aula na sala de vídeo”. A pressa em chegar logo fora acrescida por mais alguns minutos. Tempo para comprar uma água mineral na cantina e deslocar-me até o lugar indicado. Bato à porta. Peço licença. Nada respondem.

- Boa tarde, falo educadamente, descrente da vida.

A resposta vem em coro: - isso são horas de chegar!?

Viro pro lado e pergunto: – a professora já fez a chamada?

Uma voz do fundão responde: – ela passou uma lista!

Em seguida, um Xiiiiiiiiiiiiiiii! Chega atrasada e ainda desconcentra quem tá afim de estudar.

Aiii, juro que não merecia ouvir aquilo. Nem foi a minha intenção chamar tanta atenção! Mas, tudo bem. Lembrei-me, aquele não era o meu dia, definitivamente. Quanto à lista de freqüência, despreocupei, afinal um dos meus amigos deveria ter assinado por mim.

- Oba! Faltam apenas dez minutos pra aula acabar. Não vejo a hora.

Professora: - Antes de terminar, queria que vocês dessem uma olhada nessas fotografias. Imagem 1, imagem 2, imagem 3, e blá, blá, blá . As possíveis leituras abordadas não me convenciam, muito menos comoviam.

J.B., o aluno mais aplicado no quesito fim de horário, exclamou: - Professora, o horário acabou.

Ela diz: Ok, só uma última foto.

- Não agüento mais!

(Foto sem o título)

Por um instante, senti minh’alma ser tocada. Como se meu estado de espírito refletisse a imagem. Essa sim, me tocou e despertou uma leitura infinita. Só minha e de mais ninguém.

A Arte me trouxe uma PAZ.

Ai, que alívio!

Depois, soube que ninguém lembrou de assinar a chamada por mim. Argh!

'A vida vem em ondas como o mar'

sábado, agosto 16, 2008 0 comentários


Ouve aquela canção que não toca no rádio



Do árido à miragem, o disco “Maré”, de Adriana Calcanhotto, é pura linguagem. O título, que indica o efeito do mar em movimento, faz recordar o barulho da onda quebrando na beira da praia e as letras remetem o vento nos cabelos. A água do mar é transparente, assim como os sentimentos despertados: o som lembra o cheiro que lembra o gosto que lembra alguém. Haja sinestesia!


O cd parou em minhas mãos por acaso, no finalzinho de maio. Não me empolguei! Até que, passeando pelas ruas de Belém, ouvi “... a uma hora dessas/ por onde passará seu pensamento/ por dentro da minha saia/ ou pelo firmamento?” Os versinhos representavam a minha inquietação, já que eu estava looonge de casa. Achei familiar. Em seguida, resgatei o ‘cedêzinho’ no fundo da gaveta. De lá pra cá, ouço inúmeras e repetidas vezes tais canções:

=> Seu pensamento: “A uma hora dessas/ por onde passará seu pensamento?”

=> Mulher sem razão - parceria de Bebel Gilberto e Cazuza – “Olha bem na minha cara/ E confessa que gostou/ Do meu papo bom/ Do meu jeito são/ Do meu sarro, do meu som”. A exclusividade fica por conta do arranjo dos metais, ninguém mais ninguém menos que Rodrigo Amarante, o caaara! Outro ‘hermano’ que participa do show é o tecladista Bruno Medina. (Viva LH!). A música até virou tema de novela global.

=> Porto Alegre: “Então caí nos braços de Calipso/ eu sucumbi ao encanto de Calipso/ não resisi". Destaque para a levada caribenha. Além disso, há participação de Marisa Monte. Fazendo o quê? Emitindo o som das sereias.

=> Teu nome mais secreto: “Só eu sei teu nome mais secreto// Cavo e extraio estrelas nuas/ De tuas constelações cruas// Só sei que canto de sede dos teus lábios”. A música tem um ‘quê’ de enigmático!

=> Para lá: “... e a montanha insiste em ficar lá/ parada/ para lá/ parada/ parada”. Quanta aliteração ;)

=> Um dia desses: “... meu pobre coração não vale nada/ anda perdido, não tem solução”. Letra de Torquato Neto, o poeta que desfolha a bandeira!

Além disso, “Maré” coleciona textos dos concretistas Ferreira Gullar (Onde andarás?) e Augusto de Campos (Sem saída). E, também, Arnaldo Antunes, o neo-concretista. Imagine o impacto e poder de abstração do eu-lírico!?

Todas as canções emocionam. Mais uma vez vejo o mar voltar como imagem. Im-per-dí-vel!



Ano: 2008 Gênero: MPB Gravadora: NacionalSony & BMG




Janela da Alma
Um filme sobre o olhar


“Não acredite no que os teus olhos te dizem, tudo o que eles mostram é limitação. Olhe com o entendimento, descubra o que já sabes, e verás como voar.” ('Fernão Capelo Gaivota', Richard Bach)


O documentário faz uma reflexão sobre a percepção do mundo através das emoções, captadas pela visão. Os olhos percebem as luzes, as cores, as linhas evidenciando o ponto de vista de quem as vê. Os graus de deficiência visual representados pelos entrevistados revelam as limitações do homem em ver o mundo e se enxergar nele.

O diretor fixa o olhar no Invisível e Visível. Para alguns, aquilo que não se vê facilmente confere detalhes e projeta imagens na mente que ninguém repara. Já que são carregadas de subjetividade. Alterando a visão, o olhar. Enquanto o mundo visível, evidente, que está todo o tempo à vista pública não é distinguido e diferenciado nitidamente.

A narrativa mostra como nos preocupamos com o olhar do outro e, como ver o outro acentua as diferenças e causa estranheza. Vimos o que nos é imposto. Um olhar antitético entre o que é realidade e a imaginação.


JANELA DA ALMA Direção: João Jardim Produção: Brasil, 2001

Estetizando*

domingo, agosto 10, 2008 0 comentários

Terra de Ninguém
(No Man's Land, 2001)


- Direção, roteiro e música: Danis Tanovic
- Gênero: Drama
- Fotografia: Walther Vanden Ende
- Duração: 98 minutos
- Elenco: Branko Djuric, René Bitorajac, Filip Sovagovic, Simon Callow, Katrin Cartlidge, entre outros.




Terra de ninguém: entre as duas linhas
“Na terra de ninguém eu vi duas pessoas jogando xadrez. Eu vi um bispo e a rainha tentando um xeque mate na frentre do rei, onde a prosperidade e a pobreza são apenas um meio de se conseguir mais riqueza. Xeque mate! Na terra de ninguém...” (Terra de ninguém, Banda Catedral)
- A obra fílmica “Terra de ninguém”, de Danis Tanovic, conta com poucos personagens que representam as principais partes envolvidas na Guerra da Bósnia: os sérvios, bósnios, a ONU e a imprensa. A representação das cenas e personagens é realista, como se o filme estivesse apenas captando fatos. Em alguns instantes, o diretor recorre à documentação feita na época do conflito com os efeitos legítimos da guerra: casas queimadas, flagelo, ataques, mortes, etc. Fazendo recortes entre o real e a sua representação. Enfatiza detalhes do campo de batalha. Ainda assim, há cenas com certo teor humorístico.
- No início do filme, há a aparição do QG dos sérvios, onde o general seleciona quem irá inspecionar a trincheira central. São escolhidos dois soldados, ambos carecas. Um deles é mais velho, sua calvície indica experiência e habilidade adquirida ao longo do tempo. O outro, é novato, não tem prática na arte da guerra. O mais experiente é morto na trincheira. Ao ser revistado, o soldado inimigo encontra a fotografia de um homem nu em seu bolso. De maneira que o homossexualismo, ainda que abafado e reprimido nos quartéis, era algo presente.
- Na barricada sérvia, há um oficial instalado em confortável mansão, ouvindo o garoto tocar acordeom, distante do front de guerra onde seus subordinados estão plantados. Já na barricada bósnia, os soldados entram em contato com a ONU e pedem ajuda.
- Os figurinos escancaram a temática da guerra, roupas sujas, malvistas, imundas, mas resistentes. Com alguns detalhes, como a camiseta dos Stones usada por Tchiki e o tênis de lona All Star, demonstrando uma sociedade de consumo, com enfoque particular nas desigualdades do sistema. O uniforme, a farda, que caracteriza cada soldado com seu exército é padronizado. O uso da camiseta é uma particularidade que diferencia o soldado bósnio dos demais.
- O cenário é marcado pelo caráter pitoresco da trincheira. O panorama apresentado mostra a área que não se encontra sob o comando de nenhum dos governos, ainda assim, indica uma relação entre os mesmos, já que dois soldados inimigos encontram-se refugiados nela. A paisagem é a defesa da hostilidade dos inimigos. Os planos selecionados e os ângulos utilizam uma linha de conduta em que não se privilegia nem sérvios nem bósnios. Todos são culpados, todos são vítimas. O tempo é marcado por momentos contrastantes. Ora momentos de tensão, ora descanso. Ora acelera ora desacelera. O período é condicionado de acordo com o espírito dos soldados presos na trincheira.
- A continuidade das cenas mantém a mesma intensidade de luz, o mesmo figurino, mesmo local. Há, portanto, um criterioso tratamento na passagem de uma cena para outra. Os planos intensificam a emoção das personagens, havendo uma comoção do público. Todos os enquadramentos transmitem a idéia de que estão no mesmo lugar, na trincheira, na terra de ninguém. O som e a imagem estão sincronizados. Por fim, a interpretação dos atores nos faz acreditar na veracidade dos acontecimentos. A posição das câmeras indica a proximidade da platéia com os fatos, numa ilusão de contato direto. As falas e os gestos se aproximam das reações dos beligerantes. Tais elementos projetados são oferecidos ao espectador de maneira interligada compondo o quadro da narrativa.
- Na maior parte do tempo, o sol intenso do verão ilumina as cenas, enfatizando o dia em que aconteceu os fatos. Aquele dia é uma data especial. O azul do céu é o firmamento, atmosfera superior que remete à neutralidade. No alto, não há guerras, na abóbada celeste encontramos a felicidade. A luz esclarece os acontecimentos, tornando visível a personalidade de cada um. A noite é a escuridão, a neblina é triste, sombria e obscura. Suscitando o caráter dos homens que vai da sensatez à loucura.
- A unidade dramática é o final do filme. O soldado bósnio Cero sobre a mina que não foi desativada pelo perito alemão. A câmera vem de baixo pra cima, misturando a terra e o céu na noite estrelada. A noite é pesada, fria, o tempo passa devagar. O soldado ficaria de vigília por toda a noite, pois não haveria socorro.