Histórias do Clube da Esquina

sexta-feira, novembro 07, 2008 0 comentários


Os sonhos não envelhecem

A riqueza poética dos músicos mineiros desperta o meu interesse a cada composição. Outro dia, li sobre o possível reencontro (mais um, diga-se de passagem) de tantas pessoas que fizeram parte do Clube da Esquina. Espero ansiosamente para tal confirmação. Ao longo dos anos - o movimento musical existe desde os anos 60 - não pude acompanhá-los juntos uma vez sequer. Ainda bem que posso resgatá-los nas discografias digitais.


Capa do primeiro disco Clube da Esquina lançado em 1972

Os principais participantes foram Milton Nascimento, Lô Borges e seus irmãos Marilton e Márcio, Beto Guedes, Tavinho Moura, Wagner Tiso, além dos componentes do 14 Bis. Diante de nomes que jamais serão esquecidos, gostaria de destacar Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes e Flávio Venturini. Suas melodias fazem parte da trilha sonora da minha vida.

Desde pequena, ouço Milton. Minha mãe curtia o som do cara. Ela tinha um LP (não recordo o título) em que a reprodução da música "Nos bailes da vida" era feita inúmeras vezes nas tardes de sábado. "... Cantar era buscar o caminho que vai dar no sol. Tenho comigo as lembranças do que eu era para cantar nada era longe, tudo tão bom..." Hoje, a minha preferida é "Quem sabe isso quer dizer amor".

Beto Guedes emplacou alguns hits. "Espelhos D'água", que ficou conhecida na voz de Patrícia Marx: "... Ah! Que vontade de ter você, que vontade de perguntar se ainda é cedo? Hum, que vontade de merecer um cantinho do seu olhar, mas tenho medo...". "Sol de primavera": " ... mesmo assim não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer. Sol de primavera abre as janelas do meu peito, a lição sabemos de cor só nos resta aprender...". "Amor de índio", essa canção foi resgatada na novela protagonizada pela Sandy. Além de "O Sal da Terra": "Vamos precisar de todo mundo pra banir do mundo a opressão, para construir a vida nova, vamos precisar de muito amor. A felicidade mora ao lado e quem não é tolo pode ver..."

Ah, Lô Borges. Pude vê-lo e ouvi-lo, ao vivo e em cores, em Fortaleza. Na época, nem sabia quem era o cara, mas foi só ouvir o refrão "... você pega o trem azul, o sol na cabeça, o sol pega o trem azul, você na cabeça..." Não sei o porquê de ter o registro dessa música na memória. O xou foi lindo, emocionante. Ainda fui apresentada a ele pelo meu primo, um dos idealizadores do evento. Troquei duas palavrinhas com o ilustríssimo cantor, não lembro o que falei, talvez tenha dito uma grande bobagem que me fez receber de suas mãos um guardanapo com a seguinte frase: Aldinha, lindinha, beijo do Lô. Lembrando que, no mesmo dia, conheci Mauricio Maestro, um dos criadores do grupo musical Boca Livre. O cara é reconhecidíssimo por seus arranjos instrumentais.

Flávio Venturini é o meu preferido. Em trabalhos solo ou com 14 Bis, ao vivo, acústico, voz/teclado, de qualquer jeito, definitivamente. As canções mais conhecidas são: "Espanhola", "Todo azul do mar", "Pra lembrar de nós" e "Noites com sol": "... posso entender o que diz a rosa ao rouxinol, peço um amor que me conceda noites com sol..." . Tem também "Céu de Santo Amaro", uma parceria com Caetano Veloso, que foi tema da Zuca, protagonista da novela global Cabocla.

Por esses e outros motivos, torço para que os mineirinhos voltem aos palcos. Nem que seja pra eu aplaudi-los pela tevê!