Em 2008, Vidas Secas, do escritor alagoano Graciliano Ramos, completa 70 anos de sua primeira edição. A obra é um marco na literatura brasileira por reproduzir a luta pela sobrevivência do sertanejo nordestino, além de fazer uma crítica social, abordando as causas da miséria e do flagelo da estiagem.
O romance narra a jornada de uma família de retirantes. Fabiano, Sinhá Vitória e os dois meninos, seguidos pela cachorra Baleia, vagam de fazenda em fazenda, percorrendo quilômetros de terra rachada, em busca de um pedaço de chão que lhes dê o que comer. São criaturas jogadas ao extremo da miséria, vestem-se com roupas sujas e rasgadas, não possuem casa, comida, saúde nem futuro. Como se já não fossem muitas as adversidades, os retirantes ainda sofrem com a prepotência do fazendeiro enganador e com as injustiças de uma estrutura sociopolítica decadente. (Fonte: CEREJA, William Roberto. Literatura brasileira. São Paulo: Atual, 1995)
As condições desumanas de vida colocam no mesmo nível pessoas e animais. Fabiano e sua família não dominam a linguagem verbal. Falam pouco e se comunicam mais por grunhidos, assim como os bichos.
Em 1963, o romance foi adaptado para o cinema, assinado pelo diretor Nelson Pereira dos Santos. Foi o único filme brasileiro a ser indicado pelo British Film Institute como uma das 360 obras fundamentais em uma cinemateca.
Cena do filme Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos. Fabiano, Sinhá Vitória e Baleia: a fuga da seca.
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