
Depois de tanto bater perna no centro comercial da cidade, disputando um espaço entre calçadas e ruas congestionadas por vendedores de muambas e afins, ao lado da minha queridíssima mãe, que parece ter tirado o dia pra sermões compridos e carregados de chantagens emocionais, chego à conclusão de que eu não deveria ter saído de casa. Ai, que tédio!
Muito atrasada, dirijo-me à sala de aula, não encontro ninguém, a não ser um recado na lousa: “aula na sala de vídeo”. A pressa em chegar logo fora acrescida por mais alguns minutos. Tempo para comprar uma água mineral na cantina e deslocar-me até o lugar indicado. Bato à porta. Peço licença. Nada respondem.
- Boa tarde, falo educadamente, descrente da vida.
A resposta vem em coro: - isso são horas de chegar!?
Viro pro lado e pergunto: – a professora já fez a chamada?
Uma voz do fundão responde: – ela passou uma lista!
Em seguida, um Xiiiiiiiiiiiiiiii! Chega atrasada e ainda desconcentra quem tá afim de estudar.
Aiii, juro que não merecia ouvir aquilo. Nem foi a minha intenção chamar tanta atenção! Mas, tudo bem. Lembrei-me, aquele não era o meu dia, definitivamente. Quanto à lista de freqüência, despreocupei, afinal um dos meus amigos deveria ter assinado por mim.
- Oba! Faltam apenas dez minutos pra aula acabar. Não vejo a hora.
Professora: - Antes de terminar, queria que vocês dessem uma olhada nessas fotografias. Imagem 1, imagem 2, imagem 3, e blá, blá, blá . As possíveis leituras abordadas não me convenciam, muito menos comoviam.
J.B., o aluno mais aplicado no quesito fim de horário, exclamou: - Professora, o horário acabou.
Ela diz: Ok, só uma última foto.
- Não agüento mais!
(Foto sem o título)
Por um instante, senti minh’alma ser tocada. Como se meu estado de espírito refletisse a imagem. Essa sim, me tocou e despertou uma leitura infinita. Só minha e de mais ninguém.
A Arte me trouxe uma PAZ.
Ai, que alívio!
Depois, soube que ninguém lembrou de assinar a chamada por mim. Argh!
Espero não ter nada haver com isso!!!!