Ecoando por toda parte

segunda-feira, dezembro 07, 2009 0 comentários

A atividade humana é a maior responsável pela mudança climática, alterando a composição da atmosfera mundial. Em busca de acordos que reflitam um compromisso com o desenvolvimento sustentável, representantes de 193 países estão reunidos em Copenhague, capital da Dinamarca, na Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas.

O encontro tem por objetivo estabelecer um pacto global de redução das emissões de gases do efeito estufa, em substituição ao Protocolo de Kyoto, que vigora até 2012. O novo ciclo de desenvolvimento deve ser pautado pelos desafios impostos em conseqüência do aquecimento global, como o compromisso de limitação de emissões de gases de efeito estufa, a redução do desmatamento das florestas e, principalmente, o enfretamento à insuficiência de água potável.

Em “Sentimento do mundo”, publicado em 1940, Carlos Drummond de Andrade lança um olhar crítico sobre o mundo à sua volta. Ele retrata as guerras e o poder de destruição do homem.


Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

Segundo o portal G1, na cerimônia de abertura da Conferência, o secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança Climática, Yvo de Boer, destacou que “Chegou o momento de darmos as mãos”. Na mesma obra em que foi publicado “Congresso Internacional do Medo”, Drummond anuncia a solidariedade humana.

Mãos dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.